Celebrar a unidade do clero com o bispo e vice-versa é um dom precioso. Zelemos sempre por ele.
Meus amados irmãos no sacerdócio, nesta quinta-feira santa, nesta Eucaristia dos Santos Óleos, volto meu olhar confiante para a Pessoa de Jesus de Nazaré e o vejo celebrando a ceia com seus apóstolos e ensinando a eles que amar é servir. Ele amou os seus até o fim e fez isso servindo a todos, o tempo todo. Tira o manto e coloca o avental – despoja-se da autoridade e abraça o serviço. E diz aos apóstolos que procedessem da mesma maneira. É assim, irmãos, que deve ser o nosso proceder todos os dias em nossa ação missionária. Ungido pelo Espírito do Senhor, Ele leva a boa nova aos humildes. Ele cura as feridas da alma. Ele leva a liberdade aos que estão presos, consola os que choram e proclama o tempo de graça do Senhor. Constrói a paz. Aprendamos essa forte lição de Jesus.
Neste mundo que busca o privilégio, abracemos a humildade. Neste mundo que gosta de falar, sejamos a escuta atenta. Neste mundo que impõe a polaridade, amemos a unidade. Neste mundo ansioso, sejamos serenos porque confiamos na providência divina. Jesus nos diz que “dá sua vida pelas ovelhas” (Jo 10,15). Se aprendemos amar como Jesus nos ama, também daremos nossa vida pelas suas ovelhas. E como a daremos?
Ousamos Santo Agostinho:
“Mas o que é que amo quando Te amo?
Não é a beleza do corpo, nem o encanto de um momento,
nem o brilho da luz que agrada aos meus olhos terrenos,
nem as doces melodias dos hinos de todas as modas,
nem o suave cheiro das flores, dos perfumes, dos aromas,
nem maná nem o céu,
nem os membros acolhedores dos abraços da carne.
Não são estas as coisas que amo quando amo o meu Deus.
E, no entanto, amo uma certa luz e uma certa voz,
Um certo perfume e um certo alimento e um certo abraço
Quando amo o meu Deus:
luz, voz, perfume, alimento, abraço
do homem interior que está em mim,
onde brilha para a minha alma o que o espaço não alcança,
onde ressoa aquilo que o tempo não capta,
onde se exala uma fragrância que o vento não dispersa,
onde se saboreia um prato que a voracidade não reduz,
onde se dá um abraço que a saciedade não afrouxa” (Confissões).
Com a consciência firmada neste amor, devemos pôr em prática o que celebramos. Fugindo dos vícios, vivendo uma nova vida. Assim, configuramo-nos ao Cristo, verdadeiro e Eterno sacerdote do Pai.
A todos vós - povo santo de Deus – a misericórdia vos alcança todas as vezes que, com fé e esperança, buscais o sacramento da Eucaristia, fonte e ápice de nossa fé.
E, assim, todos nós, “tendo sempre diante de nossos olhos o exemplo do Bom Pastor, que não veio para ser servido, mas para servir, e para buscar e salvar o que estava perdido” (Pontifical Romano, pág 108), nos encontramos, por misericórdia de Deus, nos braços acolhedores de Jesus.
Que Maria, a Mãe do Bom Pastor, nos ensine a “fazermos o que Ele nos disser” (Jo 2,5).
Amém.
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